Se a sociedade já vinha passando por transformações em relação aos modos de consumo, a pandemia do coronavírus que começou em 2020 só fez essas mudanças se fortalecerem ainda mais. Isso porque o olhar das pessoas sobre a vida acabou se ressignificando. Questões como bem-estar, conforto, estabilidade emocional e financeira, interesses ambientais, entre outras temáticas, serão um dos pontos essenciais ao consumidor do futuro na hora de tomar qualquer decisão, inclusive na de comprar um produto.
Essa nova necessidade foi analisada pela equipe de pesquisa global da Worth Global Style Network (WGSN) no relatório Consumidor do Futuro 2022, que identificou quatro sentimentos-chave do consumidor, além dos perfis que estarão presentes no ano seguinte.
Para compreender esse novo cenário e te ajudar a entender como inovar na sua loja de calçados, neste texto vamos falar justamente sobre esses assuntos. Siga com a leitura e torne seu negócio ainda mais relevante!
Sentimentos-chave do consumidor do futuro
O mundo está em constante mudança e, consequentemente, as pessoas se alteram com ele. A cada ano surgem novidades, assuntos inéditos estão em foco, e os consumidores se inclinam para um novo comportamento de consumo.
No entanto, antes de entender os desejos atuais, é preciso compreender as motivações deles, os sentimentos que fizeram com que determinadas necessidades fossem abandonadas e, outras, ganhassem destaque na rotina de muita gente.
O relatório da WGSN conseguiu identificar quatro deles: medo, dessincronização social, resiliência equitativa e otimismo radical.
Medo
Assistindo aos jornais, é possível compreender porque o medo está crescendo, especialmente no aspecto financeiro e ambiental, que são cenários repletos de incerteza.
Os desafios políticos, a crise climática que assola o mundo, as incertezas econômicas e, de 2020 para cá, a pandemia da Covid-19 começaram a gerar problemas como a ecoansiedade — preocupação crônica com as consequências geradas pelo aquecimento global.
Dessincronização social
Em um modelo comum de trabalho, as pessoas têm horários a serem cumpridos. No entanto, nos últimos anos, o home office acabou possibilitando que cada um fosse dono do seu próprio tempo. Esse é um dos fatores que ocasionou a chamada dessincronização social, ou seja, as pessoas continuam a fazer as mesmas coisas, mas em horas distintas. O ritmo individual mudou.
Em um primeiro momento, isso pode até parecer positivo, e é, mas até certo ponto. Essa dessincronização vem causando falta de interação entre as pessoas. O sentido de comunidade está se perdendo, e tarefas comuns, como ir ao trabalho ou à academia, estão desaparecendo.
Resiliência equitativa
Se o medo e a dessincronização social têm aspectos negativos, para fugir deles as pessoas estão desenvolvendo uma resiliência equitativa, uma capacidade de “resistir, absorver, se recuperar e se adaptar à adversidade ou à mudança”, de acordo com a pesquisa.
No entanto, há um paradoxo: para que isso seja possível, é preciso que a pessoa tenha a capacidade de se manter positiva em momentos desafiadores. Porém, nem sempre é fugindo dos desafios que nos tornamos vitoriosos, mas enfrentando-os.
Essa atitude pode ocasionar em uma positividade tóxica, no qual é preciso rejeitar todo e qualquer sentimento negativo. Mas essas emoções, apesar de serem ruins naquele exato momento, também são transformadoras — em 2022, a expectativa é de que haja mais aceitação emocional, espaço para sentimentos autênticos.
Otimismo radical
Com o tempo, os sentimentos negativos que 2020 ocasionou na população, vão se amenizando. Em 2022, será a vez do otimismo radical ofertar uma sensação de alegria e prazer às pessoas.
Apesar das questões que geram medo, “ainda há espaço para o bem no mundo”, já que ele está evoluindo diariamente, e questões como a mortalidade infantil e o número de acidentes trabalhistas têm diminuído.
A única coisa que pode atrapalhar nesse processo é saber diferenciar aquilo que é real, do que é falso. Especialmente na chamada “era da pós-verdade”, na qual as fake news e as fábricas de rumores propagam informações falsas ou imprecisas.
Com isso, a sociedade está cada vez mais polarizada, fechada em suas opiniões próprias e enfatizando tudo o que há de errado e ruim.
Tipos de perfis do consumidor do futuro 2022
Ao apresentar o otimismo radical, o relatório traz um alerta: “em tempos de crise epistêmica, precisamos focar no que é verdadeiro, não no que vende”. E o verdadeiro inclui perfis reais que devem ser considerados na hora de pensar em como conquistar clientes.
Na pesquisa, foram identificados três para 2022, sendo eles os estabilizadores, os comunitários e os novos otimistas, cujas características principais e básicas são:
PERFIS | CARACTERÍSTICAS |
Estabilizadores |
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Comunitários |
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Novos otimistas |
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A começar pelos estabilizadores, eles são um grupo composto prioritariamente de Millennials e Geração X, que buscam estabilidade em todos os aspectos da vida, deixando de lado o culto à produtividade e passando a optar por uma aceitação radical, que pode ser definida como “o desejo de experimentar a vida como ela é”.
Ao invés de focar em diversos pontos, eles preferem elencar prioridades e dedicar-se inteiramente a elas.
Como atrair os estabilizadores?
Existem três formas de fazer com que os estabilizadores notem o seu negócio em 2022, por meio da simplicidade, de um comércio calmo e de uma comunicação unificada.
Simplicidade
Sobrecarregados, os estabilizadores se sentem desanimados com um grande leque de produtos, seja nas lojas físicas quanto nos e-commerce. O excesso desestimula-os.
Em 2022, uma oportunidade é criar um ambiente que facilite a experiência de compra e foque em itens diretos e concisos, como embalagens e etiquetas. Economizar o tempo é a premissa deles!
Comércio Calmo
Ter um comércio calmo é uma forma de fazer com que os estabilizadores que priorizam experiências zen nas lojas físicas, que buscam produtos que visam reduzir o estresse e a ansiedade, olhem para o seu negócio.
Muito mais do que comprar um calçado de uma nova coleção, eles querem uma experiência tranquila nesse trajeto.
Comunicação Unificada
Por mais que as empresas estejam focando no comércio unificado, elas também precisam levar essa unificação para as comunicações. Aos olhos dos estabilizadores, receber e enviar mensagens constantemente é cansativo e diminui o interesse em clicar.
Em 2022, para chamar a atenção dessas pessoas, aposte na segmentação psicográfica, ou seja, classifique o seu público-alvo levando em consideração os aspectos psicológicos do cliente ideal. Você pode determinar quais são as prioridades, estilos de vida, os valores, os medos, as dores, os desejos e até mesmo as redes sociais preferidas do seu público.
Invista também em canais de feedback para que eles possam opinar sobre a frequência que a loja entra em contato e que tipo de ofertas eles gostariam de ter acesso; por fim, leve a sério o conceito de “menos é mais”, focando em uma quantidade reduzida de itens, especialmente nos e-commerces.
Quanto aos comunitários, eles vão jogar para o alto as agendas cheias e os compromissos profissionais frenéticos. Formado principalmente de Millennials e pessoas da Geração X, o desejo desse grupo é fincar raízes em suas comunidades, não em carreiras, inaugurando limites e uma nova era do localismo, dando espaço para a economia circular, por exemplo.
Para eles, o novo ciclo de menos horas de trabalho e mais tempo em casa resulta em mais produtividade, sendo ainda positivo para as pessoas, o planeta e para a economia.
Como atrair os comunitários?
As maneiras de fazer com que os comunitários notem a sua loja de calçados em 2022 podem ser revisitando seu estoque, apostando em um comércio social hiperlocal e não se esquecendo que cidades do interior também são relevantes.
Revisite seu estoque
Para os comunitários, muito mais do que acompanhar as tendências de consumo, eles se interessam por lojas e iniciativas com um viés mais localista e sustentável. Por isso, essa pode ser uma chance para vender aqueles calçados que estão há um bom tempo parados no estoque.
Comércio hiperlocal
As taxas de desemprego são significativas. No Brasil, ela ficou em 14,6% no trimestre de maio de 2021, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo o maior desde o início da série histórica do IBGE, lá em 2012.
Por isso, os comunitários vão colaborar com negócios locais e com plataformas que sejam voltadas à comunidade, amenizando a fixação por marcas tradicionais. Uma ação possível é identificar quais são essas plataformas e estar presente nelas, além de investir em parcerias estratégicas que se alinhem aos seus produtos e aos desejos desse público.
Cidades do interior
Em diversos países, incluindo o Brasil, as cidades fora dos tradicionais eixos metropolitanos estão se tornando novos centros urbanos, impactando a economia e até mesmo contribuindo com o PIB nacional.
Focar em estratégias de microabastecimento para atrair os comunitários, que optar por apoiar as lojas locais e melhorar os meios de entrega para essas localidades deve ser um dos principais passos para atraí-los.
Por fim, o grupo mais variado identificado na pesquisa são os novos otimistas. Eles são formados por pessoas de diversas faixas etárias, incluindo desde a Geração Z aos Baby Boomers. Apesar dessa abrangência, os interesses entre eles são comuns, como “o apetite voraz pela felicidade”.
Esse grupo, que transita entre aquilo que é considerado jovem e velho, deseja representatividade para todos. Além disso, querem celebrar as próprias conquistas, sejam elas pequenas ou grandes. O off-line é muito mais atrativo que o on-line, o tempo gasto com amigos e familiares vale muito mais, gerando uma economia que se pauta na gratidão.
Como atrair os novos otimistas?
Uma forma de chegar até esse grupo interessado em momentos de alegria e celebração é trabalhando com produtos que acompanhem esse estilo de vida, sem deixar o coletivo de lado. Por isso, uma live commerce é uma boa possibilidade.
Comércio em livestream
Considerando o perfil dos novos otimistas, as transmissões ao vivo seguem sendo uma das principais formas de comprar, pois permitem que as pessoas interajam entre si e comprem produtos virtualmente, estando em qualquer lugar.
E é nas transmissões on-line que eles vão procurar por promoções e produtos em edição limitada. Portanto, em 2022, vale apostar nas vendas por livestream.
Muitas mudanças, não é mesmo? Mas fique tranquilo, pois elas são resultado da busca constante que a humanidade tem de tornar a existência mais tranquila e confortável, apesar de qualquer situação.
Contudo, lembre-se sempre que, assim como as pessoas estão inovando, o seu negócio também precisa acompanhar essa nova era. Como 2022 já está aí, vale começar a se planejar desde já sobre as estratégias que se adequam mais à sua loja de calçados e ao seu público para que o sucesso seja garantido.
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